Procurando atender o aumento da demanda por serviços, as Redes de Telecomunicações são expandidas cada vez mais, em quantidade de elementos e novas tecnologias para suportar a chegada de novos clientes e o aumento de tráfego.
Nesse cenário, onde a informação se torna imprescindível, ter um inventário completo compreendendo toda a rede se torna um recurso poderoso para o planejamento, gerenciamento e manutenção, como foi exposto no artigo Inventário de Rede de Telecom: Necessidade Fundamental.
Apesar disso, a maioria das soluções existentes para sistemas de coleta, são baseadas em modelos estáticos que não são capazes de integrar ambientes multivendor e multitecnologia, nem manter os dados atualizados.
No artigo Desafios da Qualidade do Inventário de Rede de Telecomunicações foram apresentadas as dificuldades encontradas para manter a qualidade da base de dados de equipamentos em Telecom, para redes que não param de crescer em quantidade de elementos, além do surgimento contínuo de novas tecnologias, com a convivência, é claro, com todo o legado de equipamentos e tecnologias já em operação.
Neste artigo, vamos apresentar as características necessárias em um Inventário de Redes de Telecom para se alcançar a desejada eficiência no planejamento, gestão e operação da Rede de Telecom, que, pela necessidade de atendimento à explosão contínua da demanda de tráfego, precisa ter a possibilidade de ser reconfigurada e gerenciada de maneira cada vez mais flexível e dinâmica, rápida e otimizada.
O Primeiro Passo: Conhecer a Rede
Inventário de Redes de Telecom. Apesar de não serem novidade no setor, sistemas de inventários de recursos estão se tornando cada vez mais um tópico comentado em Telecomunicações.
Isso porque, a alta dinamicidade das redes expõe a dificuldade dos sistemas tradicionais de lidarem com a grande quantidade de dados que precisam ser processados.
Com a evolução das tecnologias de informação e comunicação, não há como negar a importância dessa ferramenta, que também precisa se adaptar para acompanhar as necessidades do mercado.
A gestão eficiente de uma rede garante não só a qualidade na entrega de serviços como também o retorno financeiro, uma vez que o maior recurso das operadoras hoje é a capacidade, que está intrinsecamente atrelada com o entendimento do que existe na infraestrutura e como os elementos estão funcionando.
Com o crescimento do uso de serviços de internet, no atual cenário da crise do coronavírus por exemplo, muitos provedores estão se desdobrando para oferecer aos seus clientes uma conexão estável e até mesmo planos com maior entrega de dados.
Para isso, é necessário balancear a demanda dos consumidores com os recursos existentes. Ser capaz de extrair informações da rede nunca foi tão importante.
Certeza: Crescimento Contínuo da Rede
Ser parte da evolução no mundo digital é prioridade para a maioria dos provedores de serviços.
Para acompanhar o mercado e se manter competitivo, a transformação é necessária.
As tecnologias atuais necessitam um nível elevado de automação para otimização de funções de operação, o que só é alcançado quando todos os processos de negócios são pensados com o mesmo objetivo, inclusive sistemas de coleta.
O crescimento da rede em quantidade de dispositivos também é outro fator peculiar de um Inventário de Redes de Telecom. São muitas tecnologias de diferentes fabricantes que precisam ser integradas para se ter uma visão completa da rede em um só lugar.
Singularidades dos Inventários de Rede de Telecom
Então afinal, quais são as características essenciais em um sistema de Inventário de Redes de Telecom capaz de suportar a complexidade das redes de Telecom atuais?
Os pontos mais indispensáveis para um bom sistema de inventário de redes de telecom são:
Plataforma multivendor e multitecnologia
Para cobrir uma rede, do core até os acessos, é preciso ter um catálogo que englobe as muitas tecnologias produzidas por diversos vendors, para organização e visualização da topologia completa no sistema.
Receber dados em tempo real
Para suportar a dinamicidade das redes de Telecom, é fundamental que o sistema de inventário de redes de telecom consiga captar e documentar informações constantemente possibilitando o acesso ao status real dos elementos.
Armazenar recursos físicos, lógicos e virtuais
Redes de Telecom possuem tantos ativos físicos quanto lógicos.
Por isso, há necessidade que o sistema de inventário de redes de telecom não só inventariar dados sobre os equipamentos mas também circuitos, configurações, IP, interfaces, softwares e também funções que estão sendo cada vez mais virtualizadas.
Visão unificada da rede (Single Source of Truth)
A maior vantagem de um sistema de inventário de redes de telecom é oferecer uma visão completa da rede em um só lugar, isso significa a consolidação de todos os tipos de dados em uma única plataforma.
Integração com módulos OSS
Para garantir maior automação na gestão de recursos, ferramentas OSS possuem uma variedade de módulos, como mapas geográficos e sistemas de monitoramento, que podem ser potencializados com sistemas de coleta consistentes.
Inventários de Redes de Telecom e Sistemas de Sincronização
Mesmo com todas as funcionalidades citadas acima, é preciso garantir que os dados extraídos sejam confiáveis para serem aproveitados em outros processos de gestão.
Se houver discrepância entre o que está registrado e a rede viva, a qualidade de entrega de um serviço será afetada diretamente através de atrasos na resolução de falhas e no provisionamento, problemas de performance e mau aproveitamento da capacidade.
Com isso, um inventário de redes de telecom preciso e integrado depende de um sistema de sincronismo capaz de interagir com diferentes dispositivos para coletar e concentrar todas as informações atualizadas em um único local.
Essa necessidade está internamente relacionada com a ideia de Data Federation.
Esse conceito não é novo.
É utilizado, por exemplo, em aplicações de Business Intelligence quando se extrai dados de várias fontes para gerar relatórios e análises em dashboard.
Portanto, para operadoras de Telecomunicações, Data Federation pode ser justamente aquilo que falta para alcançarem os objetivos de excelência na gestão de ativos.
É a capacidade de se coletar e sincronizar dados de diferentes fontes como elementos de rede, gerências e até mesmo inventários, para apresentá-los em uma única plataforma.
Auto-discovery e a Importância da Modelagem
Uma característica presente nesses sistemas de sincronização é o Auto-discovery ou descoberta automática da rede.
É a habilidade de identificar e extrair informações automaticamente sobre dispositivos, sejam eles equipamentos físicos ou recursos lógicos, através de buscas pré programadas.
Para assegurar a qualidade e consistência dos dados, essa função deve permitir revisões constantes, comparando novas amostras com a base já existente, para verificar onde há discrepâncias e corrigi-las.
São importados dados como lista de equipamentos, portas livres e ocupadas, capacidade, topologia, circuitos, entre outros, necessários para o planejamento e operação das redes de transporte.
Essas informações, no entanto, precisam ser enriquecidas e padronizadas através de uma modelagem para que possam ser processadas por módulos externos, como mapas georreferenciados da infraestrutura e associadas a recursos e demandas de localidades específicas.
Essa função é a que garante, de fato, o aproveitamento e entendimento de tudo o que foi extraído da rede, caso contrário, a maior parte dos benefícios potenciais, que poderiam ser gerados por uma solução adequada de inventário de redes de telecom, ficam pelo meio do caminho, gerando uma situação de grande investimento sem o retorno potencial correspondente.
Importação e Exportação de Dados em Sistemas de Sincronização
Outra propriedade importante desses sistemas é a possibilidade de integração com o maior número possível de fabricantes e tecnologias.
Esse é um grande desafio pois, como já foi mencionado, as redes de Telecom são muito diversificadas e heterogêneas, onde tecnologias novas e legadas coexistem.
Para se comunicarem com esses vários elementos e suas gerências, muitas dessas soluções se utilizam de cartuchos ou adaptadores para importação de dados de forma estruturada, baseados em protocolos definidos, para cada um deles.
Também são usadas interfaces próprias para conexão com sistemas de coleta e gestão.
Esse método garante flexibilidade e adequabilidade com as necessidades do cliente para sincronização de sua rede ponto a ponto.
Para a exportação, é necessária, também, a integração com repositórios, sejam eles um inventário de redes de telecom, sistemas externos ou outras plataformas OSS, garantindo o objetivo final desses sistemas que é a concentração dos dados em um só local.
Ciclo de Vida do Inventário de Redes de Telecom
O caminho para uma estratégia de automação eficiente se baseia na habilidade de extrair informações confiáveis e atualizadas das redes, e também na manutenção contínua da qualidade destas informações, considerando a evolução orgânica e estrutural das Redes de Telecom.
Em um primeiro momento, os sistemas de inventário de redes de telecom parecem cobrir essas necessidades, ao serem alimentados com uma grande carga inicial de dados, porém, o grande desafio é justamente manter essa base consistente ao longo de toda a sua vida útil.
Redes de Telecomunicações passam por várias evoluções, sejam através de um crescimento orgânico na quantidade de equipamentos já conhecidos ou estrutural, pela inserção de novas tecnologias e fabricantes no mercado.
Essas mudanças afetam diretamente a qualidade e confiabilidade das bases de um sistema de inventário de redes de telecom e se não houver sincronismo com a rede, mantendo os dados sempre atualizados, todo o investimento feito é perdido ao longo dos anos.
O sistema implementado aos poucos se torna obsoleto já que, com a evolução constante da rede, os dados antes armazenados sofrem gradual desatualização, levando a perda de credibilidade da base.
O histórico recorrente de projetos de implantação de soluções de Inventário em Operadoras de Telecom, segue o padrão resumido na figura abaixo:
- A empresa investe significativa quantidade de tempo e dinheiro para implantar a solução de inventário, com uma carga inicial massiva de dados;
- Segue-se, então, uma fase de crescimento do uso das informações do inventário e, em paralelo, a rede cresce orgânica e estruturalmente, de forma recorrente e contínua;
- Gradativamente a qualidade dos dados do inventário vai decrescendo, criando-se uma situação de descasamento dos dados da rede viva em operação, seja em termos quantitativos, qualitativos, ou de modelagem. Com isso, cresce gradualmente a desconfiança na qualidade da informação do inventário, necessária para suportar os processos de planejamento, operação e gerenciamento da rede de telecom;
- Chega-se ao ponto que os benefícios do inventário passam a ser pontuais, e limitados a projetos específicos, fazendo com que as áreas internas busquem soluções próprias, departamentais, o que resolve aparentemente necessidades específicas, mas contribuem mais ainda para a perda de credibilidade do inventário.
Este ciclo se repete com enorme frequência em operadoras de telecom, dos mais variados tamanhos.
E invariavelmente leva a empresa a considerar recomeçar todo o ciclo novamente, com a inevitável substituição da solução de inventário, ou o que é ainda pior (e comum), com a implantação de um novo sistema de inventário, e a manutenção da solução anterior, convivendo simultaneamente, atendendo a demandas pontuais e de curto prazo, o que gera novamente a necessidade de grande investimento de dinheiro e tempo.
A Saída deste Ciclo: Sincronização Automática de Dados da Rede
À esta altura, fica clara a importância de um sistema de sincronização automatizado dos dados dos elementos da rede viva com a base de dados do sistema de inventário de redes de telecom, que precisa garantir a qualidade, o nível de detalhamento, e o enriquecimento dos dados compatível com o atendimento às necessidades dos vários processos de negócio de uma empresa de Telecom.
Como foi apresentado, essa ferramenta possui funcionalidades singulares como:
- Integração da rede ponto-a-ponto
- Dados continuamente revisados e atualizados
- Catálogo extenso e escalável de cartuchos para alcançar todas as tecnologias
- Configuração flexível e coletas programáveis
- Adaptabilidade com as necessidades do cliente
Levando-se em consideração esses aspectos, é possível pensar em benefícios significativos que esses sistemas podem trazer às empresas como:
- Integração com todos elementos da rede realizando buscas automáticas por dados, permitindo resposta rápida no controle de falhas, diminuindo tarefas manuais e aumentando a qualidade dos serviços;
- Visualização dos ativos físicos e lógicos de forma fácil, completa e atualizada proporcionando maior assertividade na operação e planejamento da rede, garantindo retorno de investimentos;
- Verificação da capacidade da rede em tempo real facilitando novas ofertas de serviços.
Se algum desses pontos expõe um gargalo para um provedor de serviços então provavelmente existem falhas na sincronização do sistema de coleta e conforme o setor de Telecomunicações se transforma e avança para a próxima fase da evolução digital, esse é um problema que não pode mais ser ignorado.
Este artigo não tem como objetivo esgotar a exposição deste tema, nem tampouco de avançar em todos os seus detalhes. Seu objetivo é trazer uma abordagem introdutória, que posteriormente ser complementados por novos artigos com maior aprofundamento.
Autor deste Artigo: Estudante de Engenharia Larissa Perestrêlo, orientada pelo Engenheiro Paulo Florêncio
Edição e Revisão: Paulo Florêncio, Diretor Comercial da Target Solutions
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